terça-feira, 29 de abril de 2008

Os Ombros Suportam o Mundo

(Carlos Drummond)



Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

"acho que será pra sempre...mas sempre não é todo dia"

terça-feira, 15 de abril de 2008

Engraçado como a vida tem seus mistérios!!
Tem dias que a vida parece difícil de continuar...
Parece ser um atropelo de erros e atos falhos..
de repente, as coisas começam se encaixar por esforço,
por tentar tirar a decepção das pessoas que você mais ama!!
e você se lembra de pedir perdão...
ontem eu estava bem renatorussoniana, toda palavra que dizia me remetia uma frase dele...

"e aos 29 com retorno de saturno decidi começar a viver...." eu escrevi mas omiti por medo a segunda parte...
"quando você deixou de me amar...aprendia perdoar e a pedir perdão!!"

A verdade é bem essa, quando vc descobre que magoou a pessoa que você mais ama,
você simplesmente teme e o medo de levar as coisas aos piores caminhos,
faz você rever condutas e perceber que a pedra está em suas mãos e não em mãos alheias...

que você, ou melhor , nesse caso usando o sujeito correto, que EU muitas vezes estive pronta pra atira a pedra ... pra julgar sumariamente as madalenas, as perséfones, os pilatos e os judas...
e quantas vezes eu estive nesses papéis? não fui eu a mulher frívola, não fui o traidor e o omisso...

Como podia eu, justo eu condenar todos eles? que muitas vezes só precisavam de uma mão estendida...

mas tem um dia que você de repente se sente redimido...
me senti assim ontem...
dizendo o que sentia...
é libertador você dizer o que sente e pensa...
mais libertador ainda tentar colocar as coisas em ordem...
rever atos e opiniões e pedir perdão!

e sobre os mistérios ... como as coisas acontecem de maneira alheias ao que você pensa!
bom a alegria de, sem saber, as pessoas terem opiniões tão felizes sobre um passado ao nosso lado...
ler o que a Jana Coelho, uma amiga que não convivo ja quase 8 anos, escreveu pra mim foi quase transcedental:
"Oi Bia, resolvi futricar no seu album e me deu uma saudade tão grande do seu abraço, como era bom aquele abraço de aconchego e conforto. Você transmitia uma paz tão grande. Até hoje passo perto da sua casa (não sei se ainda mora no mesmo lugar) e me dá uma vontade de parar pra falar oi. Ainda bem que temos o orkut pra poder pelo menos matar as saudades das pessoas queridas que passaram por nossas vidas. Beijos"

Num dia cinza de outono... de repente, descobrir que você pode ter deixado algo de bom por ai!!!
isso é transcendental de alguma forma...
você descobre que pode ser melhor....
ou voltar a gostar das suas menininices e ser pura no sentido de ter o coração e a mente aberta para o outro...

quem sabe um dia essa jovem que abraçava seus amigos e lhes transmitia paz, possa encontrar a mulher de hoje e trazer paz a ela mesma!!!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Hoje não tinha mito a falar!!!
Mas deixei eles falarem por mim!!!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

a pedido de um amigo....


único ,
indivisível...
um!!!
ser um sem deixar de ser vários!!
todas as pessoas em uma só!!


solitário mas formador de um todo!!

um... composição do todo!!
ser desagregado,
desregrado,
sozinho,
solitário,
perdido em meio a tantos outros uns

ser individualmente plural
eficaz
ineficaz

tentativa de ser dentro do seu mundo
ser só
ser completo
mas precisar da união pra ser divisível

tudo permeia e passa pelo UM
tudo se reflete no UM
e se acaba Um
pois somos sempre solitários
nao importando quantas pessoas estejam a nossa volta

nossa solidão vem da raiz do ser UM
de nascermos e morrermos só!
MEL & GIRASSÓIS (conto) -
Caio F. Abreu



...Ele tentava esquecer uma mulher chamada Rita. Conforme o uísque diminuía na garrafa, Rita misturava-se aos poucos com outra chamada Helena, ele repetia como-amei-aquela-mulher-nunca-mais-nunca-mais, enquanto ela sentia algum ódio, mas não dizia nada, toda madura repetindo isso-passa-questão-de-tempo-tudo-bem. Para espanto dele, ela falou o nome daquele homem de antes, de outros também, Alexandre, Lauro, Marcos Ricardo ― ah, os Ricardos: nenhum presta ― e ele também sentiu certo ódio, nada de grave, normal, tempos modernos, mero confronto de descornos. Falaram então sobre as paixões, os enganos, as carências e todas essas coisas que acontecem no coração da gente e tudo, e nada. Dançaram de novo. Ele achava tão bom debruçar o rosto naquela curva do pescoço dela. Ela deixou que a mão dele descesse até abaixo da cintura dela.
E numa batida mais forte da percussão, num rodopio, girando juntos, ela pediu:
― Deixa eu cuidar de você.
Ele disse:
― Deixo.
Assim foram pelos dias, que não eram muitos mais. Quatro, cinco, nem uma semana. Caminhavam descalços na areia, à noite, à beira-mar ― juro. Devagar, as mãos se tocavam: a tua é tão longa, a tua é tão quadrada. Ele não queria entrar noutra história, porque doía. Ele não queria entrar noutra história, porque doía. Ela tinha assumido seu destino de Mulher Totalmente Liberada Porém Profundamente Incompreendida E Aceitava A Solidão Inevitável. Ele estava absolutamente seguro de sua escolha de Homem Independente Que Não Necessita Mais Dessas Bobagens De Amor.
Caminhavam assim, lembrando juntos letras de bossa-nova. E pensavam: isto é uma historinha de férias, não leva a nada, passatempo. Sem ninguém, na real: ele a deixava ou ela o deixava. Era só, depois iam dormir. Então sonhavam um com o outro no escuro cinco estrelas de seus bangalôs.
Ela deita de costas na cama, ele pensava, só de calcinhas...e quando a cueca chega nos meus tornozelos eu a expulso para o meio do quarto com um pontapé e fico inteiro nu contra ela que está quase inteiramente nua também, porque vou descendo sua calcinha devagar enquanto digo: minha mãe, irmã, esposa, amiga, puta, namorada ― te quero.
Ele vem por cima de mim, ela pensava, enquanto o espero deitada na cama...Então nos apertamos inteiramente nus um contra o outro, enquanto ele entra em mim, tão macio, e ele me diz você é a mulher que eu sempre procurei na minha vida, e eu digo você é o homem que eu sempre procurei na minha vida, e nos afogamos um no outro enquanto digo: meu pai, irmão, marido, amigo, macho, príncipe encantado ― te quero.
O cheiro dele era tão bom nas mãos dela quando ela ia deitar, sem ele. O cheiro dela era tão bom nas mãos dele quando ele ia deitar, sem ela. O corpo dela se amoldava tão bem ao dele, quando dançavam. Ele gostava quando ela passava óleo nas suas costas. Ela gostava quando, depois de muito tempo calada, ele pegava no seu queixo perguntando ― o que foi, guria? Ele gostava quando ela dizia sabe, nunca tive um papo com outro cara assim que nem tenho com você. Ela gostava quando ele dizia gozado, você parece uma pessoa que eu conheço há muito tempo. E de quando ele falava calma, você tá tensa, vem cá, e a abraçava e a fazia deitar a cabeça no ombro dele para olhar longe, no horizonte do mar, até que tudo passasse, e tudo passava assim desse jeito. Ele gostava tanto quando ela passava as mãos nos cabelos da nuca dele, aqueles meio crespos, e dizia bobo, você não passa de um menino bobo.
Como nas outras noites, ele a deixou na porta do bangalô 19, quase cinco da manhã, pela última vez. Ela veio meio balançando ao som do violão e convidou-o para dançar, um pouco mais. Ele aceitou, só um pouquinho. Ele fechou os olhos, ela fechou os olhos. Ficaram rodando, olhos fechados. Muito tempo, rodando ali sem parar. Ele disse:
― Eu não vou me esquecer de você.
Ela disse:
― Nem eu.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

hoje!

"In Omnia Paratus!!"
Pronta pra tudo!!!

foi assim que me descobri nos últimos tempos...
como se as últimas fichas estivessem em jogo...
pronta pra tudo ...pra qualquer coisa!!!
pro que ocorresse...
nesse tempo ganhei mais que perdi...
mas me reservei direito de ser quem eu tenciono a ser...
e nao mais quem queriam ou tentaram construir...

tive que engoli orgulhos...
separar o que devia deixar de lado do que era fundamental...
algumas pessoas ficaram na poeira da história...
nas rodadas anteriores desse jogo que tem a vida como mote...
a cartada final... vida ou morte...

"Life and death brigade"
uma brincadeira de uma serie que faz você levar além...
efeitos borboletas que modificam uma vida inteira,
que faz a vida ser o que tem que ser...
ilusões perdidas...
vidas apartadas para se reencontrarem num outro tempo-espaço

Me reinventar...
me reencontrar...
foi assim, os 29 com retorno de saturno!!!
lembro da musica vinte nove, da legiao urbana...
sim tambem perdi vinte em vinte nove amizades,
por conta de uma pedra em minhas maos...
e também aos 29 com retorno de Saturno... decidi começar a viver!!!

Não sei se sigo certa ou errada na jornada que escolhi...
mas sigo sem culpas ou dores maiores...
alguns ressentimentos de batalhas perdidas...
de campos com mortos e feridos deixados pra tras...
na tentativa de sobreviver

Ir até onde posso chegar!!!
e o limite...
sou eu quem faço!!!



"Força Sempre!!!"

"In Omnia Paratus!!!"

"Keep Walkin'!!!"





"Memory can change the shape of a room;
it can change the color of a car.
And memories can be distorted.
They're just an interpretation,
they're not a record,
and they're irrelevant if you have the facts. "
from the motion picture MEMENTO

"Memória pode mudar a forma de uma sala;
pode mudar a cor de um carro.
e memórias pode ser distorcidas.
Elas são apenas uma interpretação,
elas não estão gravadas.
e elas pode ser irrelevantes se você tem os fatos"
Do filme "Amnésia"